sexta-feira, 26 de abril de 2013

Noni e seus benefícios





Noni é um de seus nomes populares, é uma das plantas medicinais tradicionais mais importantes na Polinésia, onde as indicações se centravam primariamente na aplicação tópica das folhas, raízes e do fruto verde. Existe um crescente interesse e uso popular do fruto de Morinda citrifolia L. que tem sido promovido por diversas publicações populares, incluindo a imprensa, que informam, ou melhor,  desinformam, a população sobre supostas propriedades comprovadas cientificamente que o noni possui; alguns chegam a afirmar que o fruto alcança mais de 120 problemas de saúde que podem ser tratados, e até curados, com a planta e seus extratos (RODRIGUEZ, 2004).

Nos últimos anos muitos estudos científicos  encontram-se em execução e tratam de demonstrar que o suco desta fruta contém atributos curativos, como compostos antibacterianos, antiinflamatórios, analgésicos, hipotensivos e inibidores do câncer. Estes estudos colocam o noni como um medicamento natural que reduz a pressão sanguínea e a inflamação das articulações, detém as infecções internas e externas, descongestiona e até evita o crescimento de células pré-cancerígenas. Apesar de muitos dos efeitos não estarem comprovados cientificamente, alguns estudos citam que entre as doenças tratadas com mais efetividade estão: a alergia, artrites, asma, câncer, depressão, diabetes, digestão, aumento da energia, doenças do coração, rins, ciclo menstrual, doenças mentais, musculares, obesidade, dores de cabeça, apetite sexual, insônia e stress. Mencionam, também, que alguns sintomas do HIV foram diminuídos, assim como da esclerose e da paralise; e eliminaram o hábito de fumar em mais de 50 % dos tratados para cada doença (LAVAUT, 2003).

 Ao discutirmos a composição deste fruto, sua toxicidade, a ação de seus componentes no organismo e verificarmos se ela está comprovada cientificamente é que podemos chegar à conclusão se estamos frente a um mito ou não.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E FUNÇÕES BIOLÓGICAS: Vários compostos têm sido identificados neste fruto, por ordem de importância podemos relacionar: terpenos, xeronina, damnacanthal, norepinefrina, escopoletina, antraquinones, aminoácidos, fitonutrientes, morindona, morindina, acubina, alzarina, ácido caproico, ácido caprílico. Os terpenos estão envolvidos em processos como o rejuvenescimento celular ao aumentar a troca nutriente-toxina. A norepinefrina estimula o sistema nervoso simpático; o damnacanthal é uma substancia natural, utilizada para combater o câncer, e a xeronina ocasiona reação no núcleo da célula, fazendo que as pessoas se sintam com mais energia física e mental (LAVAUT, 2003).

O noni contém muitos alcalóides que se transformam em xeroninas e ajudam o corpo humano a regenerar células danificadas e a incrementar as defesas deste, de maneira natural; por isso a fruta serve para prevenir ou melhorar muitos males que nos afetam (HIRAZUMI apud LAVAUT, 2003).

Uma das teorias mais utilizadas para explicar a função do noni está relacionada com a proxeronina quando chega a partes específicas das células, como as mitocôndrias, os microssomas, o aparelho de Golgi, o retículo endotelial, os sistemas de transporte de elétrons, DNA, RNA e dentro destas estruturas se combina com outros agentes bioquímicos naturais e blocos construtores (hormônios, proteínas, enzimas, serotonina, vitaminas, minerais e antioxidantes) onde age, pela corrente sanguínea, nas células do organismo. Esta combinação se converte em xeronina, que ajuda a célula na sua reparação e regeneração. Devido a essas propriedades, a xeronina intervém potencialmente no corpo humano de muitas maneiras, que vão desde o aumento da vitalidade de una pessoa até a redução da dependência das drogas. Os transtornos internos e neurogệnicos também podem reagir positivamente à xeronina devido à sua habilidade de normalizar as proteínas encontradas em todos os tecidos vivos essenciais, até do cérebro (LAVAUT, 2003).

A função no organismo humano da escopoletina, outro componente identificado neste fruto, é que se une à serotonina cuja presença está associada com a diminuição da ansiedade e da depressão, com a regulação da temperatura corporal e da atividade sexual, além de ser o precursor da melatonina como regulador do sono, mostra atividade antihipertensiva, antiinflamatória y antihistamínica (LEVAND apud LAVAUT, 2003).
Também são encontrados fitos nutrientes e selênio que são poderosos protetores antioxidantes contra os radicais livres. Tem sido identificados 17 aminoácidos dos 20 conhecidos, incluindo os 9 que se consideram essenciais (DATABASE AP apud LAVAUT, 2003).

RECOMENDAÇÕES: Para obter benefícios com este consumo, temos que considerar que seus constituintes voláteis são instáveis e facilmente destruídos. Há uma preparação comercial em forma liofilizada de extrato de noni que elimina esses fatores, cujo pó reconstituído utiliza-se como complemento nos alimentos. Outro fator a considerar é que quando o estômago está vazio a pepsina e o ácido estomacal pode destruir a enzima que libera a xeronina (LAVAUT, 2003).
 De acordo com um fabricante, recomenda-se 30 mL/dia, mas essa porção não foi baseada em nenhum efeito farmacológico, nutricional ou toxicológico; essa recomendação foi calculada com intenções de marketing, para ser usado como um aperitivo e com a intenção de corresponder aos valores nutricionais indicados nos EUA (EUROPEAN COMISSION, 2002).

Apesar de que os extratos se consideram seguros se são utilizados diretamente e de que não foram encontrados efeitos colaterais ou indesejados, as mulheres gestantes ou lactentes devem consultar um médico antes de tomar o suplemento. Por outro lado, não se recomenda o consumo juntamente com café, álcool ou nicotina. As interações entre medicamentos e o noni não são conhecidas (LAVAUT, 2003).
CONSIDERAÇÕES: Estudos científicos tentam demonstrar a validez do amplo uso tradicional desta espécie; no entanto, não há nada realmente provado cientificamente sobre seus efeitos. Um estudo realizado por Rodriguez (2004), que tinha como objetivo revisar e atualizar a informação científica que existe sobre este fruto, utilizou como método a busca das palavras Morinda citrifolia, Morinda litoralis ou Morinda bracteata para realizar uma revisão nas bases de dados PubMed, COCHRANE, ESBCO, SCIELO, LILACS, CUMED, MEDNAT, RECU até o dia 25 de junho de 2004.

Foi encontrado um total de 47 referencias nas bases consultadas, onde somente cinco avaliavam, em modelos pré-clínicos, a maioria in vitro, as atividades farmacológicas do suco de noni para uso relacionados com o câncer e imune estimulação, assim como com a dor e a inflamação. Esse estudo conclui que a informação científica disponível não permite validar o uso e segurança da utilização do noni porque está limitada a estudos pré-clínicos farmacológicos e precisa de um mínimo de investigações toxicológicas que respaldem a segurança e isso é particularmente relevante em tratamentos para problemas de saúde de complexidade como o câncer. Um outro estudo foi realizado para averiguar a toxicidade do suco de noni; ele utilizou células hepáticas in vitro expostas a este suco, como modelo para investigar a hepatotoxicidade dele, que foi relatada em três pacientes. Não foi mostrado nenhum efeito tóxico muito relevante no fígado, assim como também não foi encontrada nenhuma genotoxicidade na exposição in vitro de bactérias e células mamárias ao suco de noni. Então, este estudo conclui que o suco de noni é seguro para o consumo se ele for produzido em condições controladas e não contenha aditivos não indicados na embalagem. Podemos acrescentar que o uso popular e a interessante informação científica que se têm a respeito da utilização deste fruto, e da sua composição, nos fazem acreditar que há uma intensa necessidade de que se aprofundem os estudos farmacológicos e toxicológicos, utilizando extratos do fruto em pacientes. Concluímos, então, que as informações e o uso popular deste fruto, geralmente são sem fundamento e ainda existem poucos trabalhos publicados que validam cientificamente o seu uso.

Ariadna JG Barrientos Estagiária curricular de Marketing Nutricional da Nutrociência, FSP-USP